9.10.2007

88 – Folhas Soltas.

Notas esparsas, episódicas, e sem grandes pretensões, acerca do que por cá se vai passando.

Vânia (apontando um resto de queijo colocado nesse dia sobre a mesa, mas que já vinha da semana anterior) – Ainda vão comer isso?
Um de nós – Acho que não, é melhor deitares para o lixo.
Outro de nós – Ou dares ao cão.
Vânia (horrorizada) – Ao cão? Esse queijo velho? Credo, coitadinho do bicho!

Vânia – Não posso com aquele cliente, sempre com conversas de treta. No outro dia, estava a meter-se comigo. Já viram uma coisa destas? Um velho de 30 anos!

Eu (com o copo de digestivo mais do que generosamente atestado, contemplando a garrafa quase meia) – Então, esse bocadinho fica aí a fazer o quê?

Marta (passando rente à mesa) – Miau!

A patroa – O entrecosto acompanha com batata cozida, mas, se preferir, pode ser também com batata frita, ou com arroz.
Eu (prestável) – E também há puré de batata.
A patroa (sardónica) – Puré de batata?!? Sim, também há puré de batata. Não pertence a esse prato, mas para vocês, claro, é sempre tudo o que quiserem, não é? Então, quer com puré de batata?
O visado – Não, pode ser com batata cozida.
A patroa (um pouco mistificada) – Com certeza. E o senhor, vai comer o quê?
Eu – Panadinhos de frango. Podem vir com puré de batata?

Marta (passando rente à mesa) – Piu!

Vânia (logo após a nossa chegada) – Então, já escolheram?
Paulo – Sim, podes trazer a conta, e o livro de reclamações.
Vânia – Mas vocês ainda não comeram nada!
Paulo – Pois não, e é sobre isso que queremos reclamar.

Posto tudo isto, fica a dúvida: porque é que nós ainda lá voltamos? Porque é que eles ainda nos deixam lá entrar? Na minha opinião, o que se passa é que andam ambos os lados a ver quem é que entrega primeiro os pontos, e dá em maluco. A minha aposta pessoal vai para… mas não, eu sei lá para quem é que vai, aquilo é tudo uma cambada de psicopatas, ou coisas piores, como psicólogas, por exemplo. Todos, menos eu. Eu não sou doido, sou um anhuca!

Esta é hors-concurs. Aconteceu há bastante tempo, num célebre tasco de Coimbra, mas quem é que garante que não poderia ter acontecido também aqui?

1º Cliente – Tenho a dizer-lhe, sem mais comentários, que este bife estava ascoroso.
Patrão – Se o doutor o afirma…
2º Cliente (horas mais tarde) – Ouça, este bife está um nojo. É uma vergonha servir uma porcaria destas a gente decente!
Patrão (apologético) – O doutor desculpe, mas isso não pode ser. Pois, se ainda há pouco um outro doutor o comeu, e até me garantiu que estava ascoroso!

Ainda no mesmo estabelecimento, mais uma verídica:

Cliente – Traga-me, por favor, um café e um periódico.
(O empregado, após breve hesitação, traz uma bica e um copo de tinto).
Cliente – O café está correcto, mas eu pedi um periódico.
(O empregado desculpa-se, retira o vinho, e regressa pouco depois, com um copo de branco).
Cliente – Já vi que não vale a pena perder tempo consigo. Chame o patrão, por favor.
Patrão (o mesmo da história anterior) – Faz favor de dizer, doutor, qual é o problema?
Cliente – O problema é que o seu empregado é um imbecil. Pedi-lhe um periódico, e ele não para de me trazer todo o tipo de coisas disparatadas.
Patrão (curvando-se muito) – Eu peço muita desculpa, doutor, ele não faz por mal, mas é novo aqui, e não é assim lá muito esperto, temos de ter paciência. Não se preocupe, eu vou tratar pessoalmente do seu pedido. Diga-me só uma coisa, o periódico, é branco, ou tinto?

São casos destes que me convencem que, no meio disto tudo, nós ainda temos muita sorte. Quero dizer, por enquanto…

2 comentários:

antonio ganhão disse...

Gosto do ambiente, embora talvez evitasse a comida.

Nuno Baptista Coelho disse...

Caro António,

Ir lá por causa do ambiente, e evitar a comida, não é uma escolha acertada... são duas.