8.30.2006

24 – Rentrée.

E pronto! Juntamente com esta semana, chega ao fim Agosto, o tal mês que dá gosto. A próxima segunda-feira, já de pés bem assentes em Setembro, será testemunha do regresso, em peso e em bloco, da mesa 19. Lá virá o Carlos, refiro-me ao Santos, bem como o Catarino. Lá virão, igualmente, os dois Ruis, prontos a medirem os bronzeados rivais. Corre pelo restaurante o rumor, ainda por confirmar, que a Vânia, ao saber destas novas, encomendou já duas caixas de Xanax, pela cautela.

Não se cuide, todavia, que a mesa 19 fechou para férias. Não, meus caros senhores, a nossa mesa 19, como instituição nacional que é, fez o mesmo que o resto do país: continuou a trabalhar, só que a meio gás. O regular funcionamento do importante organismo foi assegurado pelos beneméritos Carlos, agora estou a falar do Lopes, e Zé Eduardo, coadjuvados pela sempre apagada presença deste vosso dedicado cronista. A fechar as hostilidades, quero dizer, pela hora dos digestivos, também lá costumava aparecer o Paulo, vindo, quem sabe se dos enlevos conjugais, se de mais ímpias paragens. Nós nunca lhe perguntámos, e desconfio que ele também não nos responderia.

Uma coisa tem de ser dita, a favor dos almoços com reduzido número de convivas, é que permitem conversas muito mais direccionadas, consistentes, e completas. Foi numa dessas conversas que, pelos bons ofícios dos meus cultíssimos colegas, me inteirei cabalmente de um enredo que antes tivera por irremediavelmente impenetrável, o célebre caso Mateus. Assim eu, que só conhecia, até aí, o Mateus da bíblia, o ministro do plano Mateus, e o Mateus rosê, alcancei conhecer o que, antes de mim, só o país inteiro sabia. E isso, creiam-me, não é pequena glória.

A conversa de hoje foi diferente, e assumiu sérios contornos geopolíticos, tomando como base, receio-o bem, a crónica anterior, que se intitulou “Portugal”. Mas nem só destes sisudos assuntos nos ocupámos: a semana anterior, por exemplo, foi fértil em eventos, com almoços a começarem tarde, e a prolongarem-se por tardes inteiras. Foram mesmo batidos recordes, mas nenhum que me interesse confirmar, excepto na presença do meu advogado. Tudo considerado, no entanto, passaram-se uns belos dias.

Mas o Verão acabou, e o início da próxima semana assistirá ao regresso, em força, da mesa 19. Os veranistas fatigados, encalmados pela impiedosa canícula, regressarão saudosos aos seus locais de trabalho, louvando a frescura do ar condicionado, e a cor convincente daquele líquido preto a que chamam café, por razões que ignoro. Quando o velho relógio da torre – não temos uma coisa nem outra, mas façamos de conta – soar as doze badaladas do meio-dia, toda a mesa 19 comparecerá, aguerrida, no seu posto.

Toda? Não, não exactamente. Para ser inteiramente honesto, desejo a todos um bom regresso, mas eu, pessoalmente, vou de férias a semana toda. Divirtam-se…

1 comentário:

Leo disse...

Então umas excelentes férias, que há quem tenha que se aguentar mais uns diazitos antes de ir também...