5.25.2006

9 – ET, o extraterrestre.

Numa noite tépida de Verão, sem nuvens à vista, quando a Lua vai nova, experimentem deitar-se na relva e contemplar o céu, salpicado de estrelas que se estendem de horizonte a horizonte. Sem grandes pressas, deixando vaguear preguiçosamente o olhar, procurem a constelação que responde pelo nome de Cruzeiro do Sul. Poderá ser justamente aquela? Não, aquilo é mais um quadrilátero, e trata-se da Ursa Menor. Também não é essa, que poeticamente se chama Centauro. Busquem mais além, não desistam. Já a encontraram? É claro que não, vocês estão no hemisfério Norte, e a cruzeiro só é visível a partir do outro hemisfério, seus tansos. Cruzeiro do Sul, não é? Dãã?

Enfim, isto é apenas um exemplo simples, mas que mostra bem como a astronomia pode ser um passatempo apaixonante. Vamos agora dirigir a nossa atenção para um grupo menos conhecido de estrelas, a constelação do Macaco com Hemorróidas. É um agrupamento fácil de reconhecer pelas oito estrelas do topo, que replicam fielmente a efige do actual presidente dos EUA. Alguns astrónomos defendem, na realidade, que as poucas diferenças observáveis se devem a um erro do presidente Bush. Descendo ao longo do corpo do macaco, podemos observar uma estrela de magnitude oito, precisamente no ponto em que o figurativo primata se prepara para enfiar um dedo pouco limpo pelo rabo acima. É do sétimo planeta dessa estrela, que os astrónomos nomearam, pela sua localização, Bostis Merdix, que eu suspeito que o Paulo veio.

A vida não é nada fácil em Bostis Merdix 7. O simples facto de estarem situados na região anal de um gigantesco macaco galáctico não é coisa que estimule o amor-próprio dos habitantes, e a própria realidade do planeta pouco faz para melhorar esse estado de coisas. Até a língua conspira contra eles, ser terra-a-terra, ali, é ser merda-a-merda, e se alguém se assusta não fica aterrado, mas emerdado. Isto é, na merda. Em Bostis Merdix 7, terraplanar é esmerdalhar, e um terraço, naquelas bandas, não passa de um merdaço. Os cientistas de Bostis Merdix decidiram que o mal estava no planeta de bosta que lhes tinha calhado na rifa, pelo que era imperativo iniciar a colonização da galáxia.

Seleccionaram para esse efeito um longínquo planeta que, por uma cagada dos deuses do azar, acabou por ser justamente o nosso, e prepararam um foguete destinado a cá chegar. Nele depositara um bebé, a quem deram um nome baseado nas duas palavras mais pronunciadas na região de destino, Paulo e Merda. Já na fase do lançamento, contudo, um cientista entrou a gritar, É Sousa, malta, afinal é Sousa. Num ápice, os restantes corrigiram apressadamente o nome para Paulo Sousa, e o foguete partiu. Só posteriormente o mal-entendido foi desfeito, o Sousa era em vez do Paulo, e Merda continuava a ser o nome mais frequente no pequeno país a que a nave se destinava. Mas era tarde demais para corrigir o engano.

Acabou por correr tudo pelo melhor, o ser cósmico veio a integrar-se numa empresa muito parecida com o seu mundo original, ao ponto em que ninguém diria que ele era oriundo de Bostis Merdix 7. Ou então, para dizer melhor, ninguém diria que a firma não era nativa do planeta dele, tal era a bosta do seu funcionamento. A coisa só se notava durante os almoços, em que ele se mostrava mais feroz do que a maioria dos comensais, e por vezes desabridamente rude nos seus equívocos comentários, chegando a ser agressivo como a merda.

Ah, sim, e fazia mais bosta, também, mas a malta continuava a gostar dele.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nunca, nunca, nunca mais...!!! como nos conta o Fado (a tal moda musical tão saudada pela Águia Sam), te hei-de confidenciar as minhas origens...! O que perdeste em ficar calado...! Já não te vou revelar os segredos tecnológicos da minha nave espacial... Has-de continuar a pagar a gasolina da tua pseudo-nave ou a de quem te conduz... Só dou a dica de que no Bostis Merdix 7, a base do nosso combustível - sim o que me trouxe a este vosso planeta, qual número primo - é o gás sulfídrico...! e mais não digo!

S.M. ou P.S. conforme desejares...