1.18.2007

63 – Harry Potter e a segunda lei da termodinâmica.

Devido à época dos feriados, que parece nunca mais acabar, o autor ver-se-á impossibilitado de escrever atempadamente algumas das crónicas. Estas serão escritas por autores convidados, em sua substituição. A presente crónica foi escrita, a nosso pedido, pela J. K. Rowling. Ou isso, ou foram os cogumelos que eu comi, que estavam marados.

Harry Potter levantou-se da cama, mal o sol nasceu. A cicatriz da sua testa, em forma de relâmpago (a cicatriz é que era em forma de relâmpago, não a testa, o que seria um disparate), a cicatriz, dizíamos, doía-lhe, latejante, pelo que concluiu que tinha voltado a bater com os cornos na prateleira da casa de banho, quando se fora deitar. Ou isso, ou o terrível Voldemort voltava a ameaçar o mundo dos feiticeiros. Levando em conta o gosto a papéis de música, acabou por se inclinar para a hipótese da prateleira da casa de banho, e foi lavar os dentes.

Harry Potter é um rapazinho que descobriu, cedo na sua adolescência, que era um feiticeiro. Já antes tinha descoberto que gostava de levar revistas adultas para sítios privados, onde se entretinha a mexer no seu corpo, de formas impróprias. Descobriu ainda, casualmente, uma certa inclinação pelos Pet Shop Boys, com a qual está ainda a tentar lidar.

Ao fim de vários anos na escola de magia, Harry Potter foi incumbido, pelo professor Dumbledore, de uma missão secreta, de transcendente importância para todo o mundo mágico. Pediram-lhe nada menos do que isto, que se infiltrasse em certo restaurante, e vigiasse a mesa 19. Segundo o ministério da magia, a mesa 19 possuiria um feitiço capaz de destruir o mundo como hoje o conhecemos, ou, em alternativa, fazer subir ligeiramente o preço do camarão. De uma forma ou de outra, seria um mal, que urgia evitar a todo o custo.

O paneleiróide do puto lá se infiltrou, e o seu intelecto de molusco chegou a estudar a questão. A conclusão a que chegou foi que não havia nada a fazer, visto a mesa 19 ser regida, fundamentalmente, pela segunda lei da termodinâmica, aquela que preconiza o aumento inevitável da entropia em qualquer sistema. De acordo com essa lei, a mesa 19 tende inexoravelmente para o caos, e não há nada que possamos fazer sobre isso.

Esta teoria vem confirmar os presságios mais negros da Vânia, e condenar-nos, a todos, a uma dissolução final, extemporânea e indesejada. Pelos ditames da entropia, nós estamos predestinados a transformarmo-nos em nada, aquele nihil fatal da filosofia germânica. Tudo tende para o nada, e a mesa 19 não será excepção.

Mas não, é aqui que nós nos levantamos, e mostramos o que valemos. A professora Sprout esteve lá hoje, con sus muchachos, mas nós não vergámos. O mundo da magia vale o que vale, mas a mesa 19 é um mundo à parte, as nossas varinhas são outras, e não é qualquer um que nos transforma em sapos, não a nós.

A segunda lei da termodinâmica continua a ser válida para sistemas isolados, mas não para a mesa 19. Connosco, a entropia não aumenta, só aumenta a confusão. Isto pode parecer complicado, mas não é. Nós somos diferentes, e pronto.

Hoje, decidimos que amanhã iríamos comer bem, a outro restaurante. Lealmente, avisámos a Vânia, mas ela não gostou. Sentiu o facto como uma traição nossa. A entropia aumenta. So what?

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